
Produtoras aprendem práticas de cultivo e colheita, torra ideal, técnicas de comercialização e criação de marca própria.
Há cerca de três anos, um grupo de mulheres dos municípios de Jesuítas, Iracema do Oeste e Formosa do Oeste foram estimuladas e abraçaram o compromisso de reavivar a produção de café na região. Não qualquer café, mas um especial que fizesse a diferença nas mesas das pessoas.
Para isso, contam com o apoio de técnicos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) e da Copacol. Em reuniões aprendem práticas para todas as fases da cultura, desde o cuidado com o solo e produção de muda até a comercialização, o que possibilita aumento da rentabilidade e aprimoramento da qualidade.
O estímulo foi dado pelo técnico do IDR-Paraná em Jesuítas, Roberto Natal Dal Molin. Segundo ele, os altos custos e as dificuldades com mão de obra são entraves para que a cafeicultura volte com a mesma força de outrora nas terras tomadas hoje por soja e milho.
Em 2018, em contato com o Grupo Feminino da Copacol, o assunto ganhou força, motivado também pelo exemplo de grupos que se formavam no Paraná, como o Mulheres do Café do Norte Pioneiro. Um minilote de duas sacas foi trabalhado no mesmo ano na propriedade de uma das participantes e representou a região no concurso Café Qualidade Paraná ficando entre os 10 melhores.
Aprendizado – O grupo, de sete mulheres, foi incentivado a fazer plantios em suas propriedades e acompanhar o desenvolvimento. A produtora Adriana Maria de Oliveira, de Iracema do Oeste, é uma das que aderiram no projeto. Sua família tem experiência com o café, mas abandonou o cultivo em favor da soja. Segundo ela, o produto não era valorizado e a mão de obra, muito cara.
Há um ano, parte do mesmo terreno recebeu duas mil mudas, com previsão de aumento.
Valor – De acordo com Dal Molin, o café especial, colhido seletivamente, possibilita importante adicional de ganho. Enquanto o produto beneficiado é vendido por cerca de R$ 7,00 o quilo, o selecionado encontra compradores dispostos a pagar até R$ 30,00.
Além da melhoria na produção e na qualidade, o grupo de cafeicultoras do Oeste já coloca em prática a verticalização da atividade, isto é, investe no beneficiamento. Elas aprendem a torra ideal e discutem a melhor forma de vender o produto. Até uma marca começou a ser construída: “Café na Lata, Mulheres do Café de Jesuítas.”
Por meio de parceria, são elas as fornecedoras do café na Sicredi Nossa Terra. Mas outros pontos passarão a ser explorados, exigindo aumento na escala de produção que, este ano, está em cerca de 60 quilos por mês. O técnico do IDR-Paraná espera que seja mais um incentivo para o engajamento de novas cafeicultoras.